PRAZO PARA INSCRIÇÃO DE PROPOSTAS: 15 DE MARÇO A 20 DE JUNHO DE 2017
O Prêmio Juliana Santilli é uma iniciativa do Instituto Socioambiental, da Associação Bem-Te-Vi Diversidade e da Editora Mil Folhas do IEB.
Objeto: Premiar iniciativas, individuais ou coletivas, que fazem a diferença, promovendo a ampliação, a conservação, o acesso, a distribuição ou o uso de produtos da agrobiodiversidade. Premiar, ainda, a produção intelectual sobre o tema.
Justificativa: A obra e atuação de Juliana Santilli estão concentradas em três grandes temas: direitos coletivos e biodiversidade, agrobiodiversidade e sistemas agrícolas e, mais recentemente, direito à alimentação.
A marca de seu trabalho sempre foi o novo, a fronteira. Quando o socioambientalismo era ainda um conjunto de ideias de vanguarda, com grande poder de mobilização, mas ainda pouco consolidado, foi o trabalho de Juliana que deu forma e estabeleceu um novo campo disciplinar. Seu esforço de pesquisa, compilação de informações, análise e reflexão sobre o tema, explícito no livro "Socioambientalismo e os novos direitos", fez uma enorme diferença no cenário intelectual, mas principalmente porque em seu cerne havia um compromisso com reconhecimento dos conhecimentos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.
No caso da agrobiodiversidade, tal compromisso fica ainda mais explícito. São as práticas tradicionais que asseguram a manutenção da diversidade agrícola. Juliana trabalhou sempre combinando uma robusta análise intelectual e jurídica com uma discussão com os detentores de conhecimentos tradicionais sobre suas necessidades, saberes e práticas. O resultado pode ser visto em seus livros: “Agrobiodiversidade e direitos dos agricultores” e “Agrobiodiversity and the Law”.
Tendo em perspectiva as múltiplas dimensões articuladas no ato alimentar (ambiental, econômica, política e sociocultural), Juliana Santilli dedicou-se a apontar caminhos jurídicos para a defesa do direito à alimentação adequada, à diversidade agroalimentar e a um ambiente saudável, além da necessária construção de relações mais justas e solidárias entre produtores e consumidores.
Considerando os entraves impostos pelo mercado globalizado, o prêmio aponta para a necessidade de defesa desses direitos, por meio da discussão de normas de produção e uso dos alimentos, mas também de ações que visem ao reconhecimento, valorização e sustentabilidade social, cultural e ambiental de diferentes sistemas agrícolas, bem como à renovação de práticas de produção, acesso e uso de produtos da agrobiodiversidade.
Com a ideia de dar alguma continuidade ao trabalho revolucionário de Juliana, o prêmio foi concebido para incentivar iniciativas inovadoras (individuais ou coletivas) no campo da agrobiodiversidade. Assim, podem ser contempladas pelo prêmio experiências sociais ou estudos que contribuam para a ampliação, conservação, distribuição ou uso de produtos da agrobiodiversidade mas também para o acesso ao alimento, uma vez que essas dimensões se retroalimentam.
O desafio da conservação da agrobiodiversidade não passa apenas pelas formas de produção, que em geral precisam resistir a um modelo homogeneizador, mas também pelas demandas do “mercado” que conspiram contra a diversidade.
Paralelamente, entendemos a importância de publicar debates e reflexões sobre o tema, como Juliana sempre fez. Dessa forma, o prêmio inclui uma categoria de publicação para pessoas que atuam nessa área do conhecimento.
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